Diz o ditado que há duas certezas na vida, e uma delas é que vamos morrer (a outra é que pagaremos impostos). Mesmo assim, evitamos tratar do assunto devido à grande angústia que o tema gera, como se falar a respeito magicamente nos colocasse mais próximos do inevitável. O mundo moderno nos afastou da morte. Quando antes acontecia em casa, cercada pela família, hoje acontece em hospitais e instituições de longa permanência. O medo da morte é tão comum que ganhou nome: Tanatofobia.
O isolamento e transformação da morte em “um tipo de doença” não consegue afastar a angústia e a “joga para debaixo do tapete”. Isso, na prática, significa maior dificuldade com processos de luto, conflitos e culpabilização de familiares, médicos, cuidadores e instituições. A morte se faz presente e nem o melhor tratamento é capaz de afastá-la definitivamente.
Há também outras considerações além do sofrimento mental e emocional. A dificuldade em se encarar a morte afasta algumas ações cotidianas e legais necessárias. Afinal, testamentos, compra de jazigos e outros preparativos práticos poderiam facilitar um momento já difícil para os que ficam e precisam lidar com a dor. E mais, tendemos a considerar mórbido quando alguém encara a angústia da morte de frente e faz os preparativos necessários ainda em vida.
Precisamos criar oportunidades para dialogarmos sobre a morte, a perda e o luto para que possamos desenvolver nossa capacidade para lidar com as dores e as perdas de modo saudável. Devemos acolher a morte como parte do processo da vida. Ao fazer isso desenvolvemos nossa autocompreensão e empatia.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
www.holzpsicologia.com.br
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