Outro dia entrei em uma livraria disposto a comprar um daqueles romances bestas, que se consegue ler em “uma sentada” e que não requer mais do que alguns poucos neurônios para ser compreendido. Fiquei impressionado com a quantidade de títulos que incluíam vampiros, a maioria dos quais nos papeis de heróis, ou pelo menos em papeis relativamente positivos.
Afinal de contas quem é o vampiro? É aquele que não apenas venceu a morte, mas que o faz se mantendo eternamente jovem, forte, poderoso e na maioria dos casos ricos.
Em outras palavras, o vampiro da maioria dos livros atuais, em especial os livros infanto-juvenis, representam o ideal da nossa sociedade. Valorizamos (alguns diriam supervalorizamos) as características da juventude como força e vigor físico, agressividade, um certo look atlético, rosto liso e sem rugas e outras características mais, em detrimento da valorização da sabedoria, da calma na hora de decidir, e especialmente da capacidade de integrar todas as partes de quem somos em um todo coerente – capacidade essa que alguns desenvolvem com a idade e com o envelhecimento, mas que é muito mais difícil para aqueles que se assustam com a perspectiva de envelhecer.
Como o vampiro que apesar de aparentar eterna juventude não consegue ver o sol que ilumina, aquece e traz a vida, o medo exagerado do próprio envelhecimento e os comportamentos que esse medo pode gerar dificultam muito atingir aquele sol interior que se caracteriza pela sabedoria e integração harmoniosa de todas as partes de nós mesmos, características essenciais para nosso desenvolvimento e evolução.
Quando você se pegar com medo dos sinais de que já não é mais tão jovem quanto já foi, foque no que você aprendeu e evoluiu, e naquelas coisas que te fazem ser mais e melhor hoje.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
www.holzpsicologia.com.br
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