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Compro logo existo



Vivemos uma grande modificação da famosa frase de Descartes “cogito ergo sum” (penso logo existo). Na cultura e sociedade atual a sensação de existir está muito mais ligada a escolhas e capacidade de consumo. Marcas carregam consigo algo além da qualidade objetiva do produto: são símbolos de estilo de vida e ponto fundamental ao pertencimento.


Vestir a jaqueta da marca X traz a sensação ao individuo de força e poder como um capitão da indústria. A lingerie da marca Y faz a jovem se sentir uma famosa e desejada modelo das passarelas mundiais. Usar o celular da marca Z permite o jovem se sentir inteligente e conectado com as grandes transformações do mundo sem renunciar à beleza e design. Um tênis famoso, em meio a pobreza é o anúncio do “eu posso”, mesmo que parcelado. E assim, vamos nos sentindo existentes e pertencentes a um determinado grupo através das nossas escolhas de consumo.


A grande fragilidade desse modelo é que delegamos nosso “pertencer” aos publicitários e marqueteiros. Passamos a existir sem esforço, sem autoconhecimento e pobres na capacidade de refletir sobre nossa existência. Somos assim transformados em seres mais “comprantes” do que pensantes. Mais vulneráveis a crises existenciais, principalmente, quando não temos o poder de consumo que nos coloque em determinado grupo ansiado. O distanciamento nos faz sentir inferiores. Ficamos frustrados e passamos a enxergar a vida sob a ótica da escassez.


Quer se aprofundar mais sobre essa linha de raciocínio? Recomendo, para leitura do artigo “A classe média é um jogo de autoestima”.


Daniel Holzhacker

Psicólogo (CRP 06/127614)

www.holzpsicologia.com.br

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