Existe uma crença disseminada por aí segundo a qual é sempre errado sentir raiva (o que gera culpa), o que é um grande absurdo e bastante prejudicial quando se fala de saúde mental.
A raiva é uma emoção que frequentemente representa uma reação ou defesa natural e saudável. Por exemplo, é parte importante do processo de luto, de reação à eventos potencialmente traumáticos quando o medo é transformado em raiva e depois em aprendizado, e de defesa do indivíduo quando da ameaça ou real agressão de algo ou alguém – a raiva leva a mudanças corporais que aumentam a capacidade e velocidade do instinto de fuga ou luta.
O problema não é a raiva, mas permitir que a raiva tome conta e assuma o comando das nossas ações e nossas palavras. Gerenciar a raiva, que frequentemente vem da frustração, é parte importante do processo de educação e crescimento infanto-juvenil, o que significa que crianças exageradamente protegidas das frustrações normais da vida se tornem jovens e adultos com pouco autocontrole quando a raiva aparece.
A saída não é se recusar a sentir raiva, o que frequentemente acontece através do sentimento de culpa por sentir raiva, mas sim em praticar a capacidade de percepção e identificação da emoção raiva e dos seus efeitos sobre o corpo e pensamento, e consequente aumento do autocontrole e da capacidade de transformar essa forte energia a que denominamos “raiva” em reação e superação das dificuldades e desafios que enfrentamos.
Ao invés de se esconder da sua própria raiva, tenha-a como aliada e fonte de energia e vontade para o seu próprio crescimento pessoal.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
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