A escolha de carreira, de parceiro ou parceira e outras grandes decisões de vida são muito importantes, mas pressupõe um bom grau de autoconhecimento, valor próprio e pelo menos alguma confiança em si mesmo. Tentar fazer essas decisões sem consciência de si mesmo é como procurar uma resposta sem antes fazer a pergunta.
Por querer apressar ou até pular essa etapa é muito comum, seja porque não há valorização do trabalho interno e subjetivo necessário para se conhecer, seja por pressões econômicas de simplesmente procurar uma carreira que traga rendimentos rapidamente, seja por relações familiares, pessoais e muitas vezes acadêmicas que abusam e corroem a identidade pessoal e diminuem o valor que as pessoas tem delas mesmas.
Embora fosse de esperar que os dois primeiros casos fossem os mais comuns, tenho visto cada vez mais casos de pessoas, normalmente jovens adultos, que nem percebem quando estão em relações moralmente abusadoras.
Frequentemente o abusador é um marido ou esposa, namorado, pais ou professores. O mais impressionante é que nem o abusado, nem as vezes o abusador, percebe que a relação não é saudável por corroer a identidade pessoal de um dos participantes nessa relação e por minar a autoconfiança e a imagem de si mesmo dessa pessoa.
Algumas saídas são possíveis. O simples afastamento do abusador é uma delas, mas nem sempre é possível. O que mais funciona, com exceção dos casos em o abusador tem uma personalidade psicopática, é trabalhar e fortalecer a consciência de quem se é, do valor próprio e do merecimento de amor e gentileza não apenas do outro e para com o outro, mas principalmente para consigo mesmo.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
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