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O processo “bundico” de aprendizado (vulgo chute na b...):


Provavelmente todos conhecemos aquelas pessoas que tentam constantemente “gerenciar” uma situação e terminam se enrolando cada vez mais. Essas “vítimas perpétuas”, que na verdade são os mais cruéis algozes, são capazes de envenenar a própria vida e a vida daqueles que lhe são próximos.


Ao invés de enfrentar de frente um momento difícil, de se perceber faltoso em algo e se desenvolver, crescer e evoluir, tenta ao contrario manipular a situação e os outros ao redor. É o caso da mulher que fica grávida tentando salvar ou forçar um casamento (o famoso golpe da barriga), do profissional que coloca a culpa de um fracasso em subordinados, ou do viajante que culpa o transito por ter perdido o voo.


Por algum tempo essa estratégia pode até funcionar, mas com o tempo a ferida aberta e infeccionada pela constante vitimização e manipulação daqueles ao redor leva os outros a se afastarem, mesmo que esse afastamento seja sutil e inconsciente. O mundo se torna mais difícil e áspero.


Se a pessoa percebe que está ficando insuportável aos outros e muda, ótimo. Significa que o processo de aprendizado “bundico” (chute na bund...) funcionou e a pessoa voltou a assumir a responsabilidade pelo próprio crescimento. O problema é que normalmente o afastamento dos outros e a vida mais áspera e difícil é usada não como indicativo que se está fazendo algo errado, mas como prova de que o universo está contra a pessoa, reforçando a vitimização, afastando ainda mais os outros e tornando a vida ainda mais difícil.


Sair desse ciclo vicioso é cada vez mais difícil, e frequentemente é necessária a ajuda profissional de um psicoterapeuta. Um dos principais papeis da psicoterapia é metaforicamente colocar um espelho na frente do cliente, ajudá-lo a se perceber e se enxergar e a fazer alguma coisa a respeito das coisas que descobrir e não gostar em si mesmo.


Em outras palavras, uma das funções mais importantes da psicoterapia é ajudar ao cliente retomar as rédeas do próprio desenvolvimento e dessa maneira caminhar em direção à própria autonomia. Jung chamava isso de processo de individuação e Maslow chamava de auto-atualização. Existem algumas diferenças teóricas que não cabem aqui, mas o importante é que ambas significam a retomada e reconquista da saúde, da autonomia, das rédeas da própria vida e de uma vida cada vez mais divertida.


Daniel Holzhacker

Psicólogo (crp 06/127614)

www.holzpsicologia.com.br

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