As vezes temos a impressão de viver em um trem desgovernado. Apesar de muitos de nós (mas não todos) ainda estarmos nos trilhos perdemos a capacidade de controlar a velocidade com que as coisas acontecem, o que dificulta muito pararmos para apreciar o caminho e aumentar em alguma medida a autoconsciência e controle que temos da nossa vida. Além disso, muitas doenças estão associadas ao estresse, como por exemplo o Pânico.
Segundo o Psicoterapeuta e médico italiano Dr. Roberto Assagioli, “O homem moderno pagou caro pelos poderes externos e vantagens que ganhou; sua vida é mais rica, ampla e intensa, mas ao mesmo tempo é muito mais complicada e exaustiva. O rápido aumento do passo, as incontáveis distrações e ofertas, as complicações da economia e funcionamento social em que está envolto fazem demandas cada vez maiores pela sua energia, pelos seus poderes mentais, pelas suas emoções e sua vontade”. (Assagioli, R. - The training of the will).
É muito difícil assumir o controle desse trem desgovernado de uma só vez. Apesar de alguns remédios ajudarem (especialmente em uma crise e no começo do processo), retomar o controle da nossa própria vida e voltarmos a apreciar as coisas que fazíamos e das quais gostávamos passa por trabalho e esforço pessoal.
Lidar melhor com o estresse natural da vida moderna passa por duas tarefas complementares: É importante conseguir olhar para os próprios valores, para as próprias forças e virtudes e para as próprias metas e objetivos de forma a melhor separar o que é importante e essencial no dia a dia. Muito do estresse da vida moderna se deve ao desvio e desperdício da atenção para as coisas que não são tão importantes, mas que por um motivo ou outro sequestram nosso tempo e nossa atenção.
A outra tarefa importante é aumentar a capacidade de atenção e aumentar a resiliência ao estresse. A atenção, e a consequente resiliência ao estresse, é como um musculo. Mesmo que algumas pessoas tenham naturalmente mais capacidade de lidar com estresse, é possível e importante praticar e desenvolver essa capacidade da mesma forma com que é possível praticar e desenvolver a capacidade muscular, e da mesma maneira o desenvolvimento da resiliência ao estresse passa por colocar a atenção em problemas inicialmente pequenos, estudar como são resolvidos percebendo a própria capacidade de lidar com eles, e pouco a pouco colocar atenção em questões cada vês maiores, mais importantes e difíceis.
O processo psicoterapêutico para alguém excessivamente estressado e que por isso perdeu a capacidade de apreciar a própria vida e suas próprias conquistas passa por essas duas tarefas, que devem ser trabalhadas de acordo com as necessidades específicas do indivíduo. No entanto muito se pode fazer mesmo sem apoio profissional de um psicoterapeuta, desde que se reserve um tempo para olhar para si mesmo.