Tudo em exagero é tóxico. De água à positividade.
Em dose adequada a positividade é essencial para quem deseja uma vida que vale a pena ser vivida. Ela é importante no início de novos relacionamentos e projetos; quando levantamos pela manhã e nos preparamos para o trabalho ou lazer; ou quando nos deitamos para uma noite de sono. O problema está quando sentimos que ela precisa sempre e necessariamente estar presente.
Sentimentos, considerados negativos, como tristeza, raiva, decepção e desesperança existem por motivos reais e negar suas existências não minimizam suas influências. Ao invés disso, quando recusarmos aceitar esses sentimentos e nosso lado sombrio nos tornamos artificiais e rasos.
Frequentemente, profissionais de autoajuda, insistem apenas no otimismo e positividade, com o argumento de que esse lado aumenta a energia e atratividade no relacionamento com outros. O que estão propagando é a cultura de ser sempre vitorioso, bem-sucedido, energizado e feliz.
Embora o argumento não seja necessariamente inverídico, ele ignora que o ser humano é uma combinação integrada de dimensões luminosas e sombrias, de ordem e caos. Ao ignorarmos nosso lado sombrio deixamos de ser genuínos e profundos.
Ao incentivarmos nossas crianças a falarem apenas de bons sentimentos, desconsideramos o que de fato sentem. Assim, dificultamos sua integração com dimensões importantes na formação do ser criativo, profundo e verdadeiramente feliz. Além disso, acabamos por ensinar que, se uma pessoa fica triste ou passa por alguma dificuldade é porque há algo de errado com ela e não que esses sentimentos e emoções são intrínsecos do ser humano.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
www.holzpsicologia.com.br
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