As pressões do dia a dia têm levado cada vez mais pessoas a procurarem médicos psiquiatras em busca de remédios como estimulantes (por exemplo a Ritalina) que facilitem a manutenção do foco e da atenção e, assim facilitar o bom desempenho acadêmico e profissional.
Felizmente, grande parte dos psiquiatras prefere trabalhar esses casos aliando a medicação (quando apropriada) com a psicoterapia. Da mesma maneira, a maior parte dos psicoterapeutas entende a importância de aliar a psicoterapia com remédios quando apropriado.
Mas quando é apropriado o uso de medicamentos? Em que implica o uso de substancias químicas, e seus inevitáveis efeitos colaterais?
De forma leiga, podemos usar a metáfora do uso de medicamentos psiquiátricos como um empréstimo financeiro no banco. “Tomamos emprestado” a capacidade de foco e atenção, ou a capacidade de manter o otimismo e fugir da solidão, mas é importante ter em conta que em algum momento os efeitos colaterais e risco de dependência do medicamento tornará importante parar o seu uso, e lidar não apenas com a falta de foco e atenção original, ou lidar com aquela tristeza que sentíamos antes de tomar o medicamento, mas também teremos de lidar em reverter as adaptações que o nosso sistema nervoso fez devido à presença química do remédio.
É aí que “pagamos” não apenas a capacidade de foco e alegria que “tomamos emprestado”, mas também um pesado “juro” que vem em parte na mesma moeda, ou seja, maior dificuldade em atenção, foco ou alegria, mas também na moeda dos efeitos colaterais outros do remédio.
Da mesma maneira que um empréstimo financeiro no banco, o uso de remédios é eventualmente importante e necessário, especialmente em situações críticas, mas é importante ter em mente que o abuso desses remédios pode facilmente colocar uma pessoa em situação terrível e muito difícil de sair – exatamente como no caso do abuso de empréstimos bancários.
Daniel Holzhacker
Psicólogo (CRP 06/127614)
www.holzpsicologia.com.br