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Escolhas e consequências não planejadas: A privacidade nas mídias digitais


Todos sabemos que nossas decisões e ações tem consequências, mas normalmente nos concentramos nos efeitos e consequências de curto prazo e temos dificuldade em enxergar o longo prazo. As ações da justiça contra o WhatsApp e o Facebook no Brasil, e a batalha do governo Norte-Americano contra a Apple são bons casos ilustrativos dessa questão.


Se ao olharmos o curto prazo podemos compreender os motivos dos governos, brasileiro e norte-americano, em defender a quebra da privacidade em casos de investigação de crimes como o tráfico de drogas e o terrorismo, precisamos também levar em consideração as consequências de longo prazo da redução do direito à privacidade nas mídias digitais.


Muitas mudanças em direção à democracia e ao aumento dos direitos individuais foram organizadas através das mídias digitais, e penso que um excelente exemplo foi a chamada primavera árabe, responsável por grandes transformações em muitos dos países do oriente médio. Isso não teria acontecido sem a privacidade nas mídias digitais e consequente proteção (mesmo que relativa) dos organizadores dos diversos movimentos.


A decisão não é fácil, pois de fato muitos crimes graves, em que muitos sofrem e morrem, são organizados sob a proteção da privacidade digital. No entanto, mesmo que não seja hoje o objetivo de governos como o brasileiro e norte-americano, a quebra da privacidade digital tiraria da pessoa comum uma importante proteção contra a opressão do estado e da sociedade, e as consequências de longo prazo podem ser nefastas.


Realmente a decisão não é fácil, e seja lá qual for terá consequências positivas e negativas.


Daniel Holzhacker

Psicólogo (crp 06/127614)

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