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Vício a drogas e sua descriminalização


Quando tratamos de um assunto complexo como esse sempre é bom rever algumas definições. Vício é diferente do simplesmente uso de uma substancia, ou seja, não é porque alguém pessoa bebe uma cerveja ou taça de vinho que é alcóolatra, e não é porque alguém fuma um baseado eventualmente que é viciado.


Uma pessoa viciada em alguma substancia como álcool e drogas, ou viciada em algum comportamento como se cortar, comer ou comprar é uma pessoa que usa essa substância ou comportamento mesmo que perceba e saiba que isso lhe faz mal, que não consegue parar mesmo que tente insistentemente, e frequentemente precisa aumentar o consumo ou o comportamento em que está viciado para conseguir o mesmo efeito ou até para simplesmente se sentir normal novamente.


Não é falta de vontade nem falta de caráter. Apesar de parecer a causa de muitos males, o vício é uma consequência de alguma outra coisa, ou melhor, é um sintoma e não uma doença.


O vício é como a tosse que é sintoma de um resfriado, e se confundirmos o que é a causa (como o resfriado e o que quer que esteja levando ao vício) com a consequência (como a tosse e o vício) não conseguiremos tratar de nenhum dos dois.


Além disso, criminalizar o uso de drogas não faz mais sentido do que criminalizar a tosse e o espirro. Precisamos sim combater o tráfico e reduzir o uso de drogas, álcool e comportamentos autodestrutivos na nossa sociedade, mas devemos fazer isso inteligentemente e combatendo os fatores que levam ao vício, e não simplesmente prendendo o viciado – só não digo que isso é burrice porque tenho respeito aos burros, animais que têm um papel importante na agricultura.


São vários os motivos que podem levar uma pessoa ao vício, tão diversos quanto são as pessoas, mas frequentemente o vício é uma maneira de controle ou fuga de uma situação, emoção ou percepção que o viciado acha que não consegue enfrentar de frente.


Combater o vício implica em auxiliar o viciado em reconhecer sua situação, identificar o problema e o que alimenta a situação, e conseguir olhar e enfrentar o problema de frente, procurando outras opções e soluções para o que quer que o aflija. Para que tudo isso seja possível o viciado e aqueles ao seu redor precisam ver uma pessoa digna do nosso respeito a amor, e não algo menos que isso como por exemplo um criminoso.


São vários os fatores que podem levar uma pessoa ao vício, e normalmente o vício acontece com uma combinação de vários fatores, que podem ser biológicos como por exemplo uma pré-disposição genética ao vício, podem ser sociais como a pobreza e falta de oportunidade, podem ser psíquicos como ansiedade, depressão ou compulsão, ou podem ser espirituais como a percepção de falta de sentido e busca de algo maior através da alteração de estado de consciência que muitas drogas facilitam.


O importante para o tratamento é que a pessoa se sinta novamente merecedora de amor dos outros e de si mesma, perceba que não está só e que consegue sim encarar as coisas de frente e sem se tornar refém de álcool, droga ou comportamento autodestrutivo.

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